Proposta de Programa do PCB para as eleições municipais de 2012
(Comissão Política Nacional do PCB)
Sabemos perfeitamente que o sistema 
eleitoral burguês privilegia os partidos da ordem, com regras que tendem
 a restringir ao máximo o acesso dos partidos comprometidos com a classe
 trabalhadora à mídia, ao financiamento da campanha eleitoral e, 
portanto, à própria conquista de mandatos parlamentares. Daí os os 
governos e parlamentos burgueses expressarem a hegemonia do capital na 
sociedade brasileira, manifesta na presença majoritária de 
representantes das classes dominantes, ao mesmo tempo em que candidatos 
oriundos do proletariado, das camadas médias e da pequena burguesia, em 
grande parte, acabam também sendo cooptados pelo financiamento privado 
das campanhas, por ocupação de cargos públicos, por coligações espúrias e
 erráticas e, principalmente, pelo reformismo e eleitoralismo de seus 
partidos, que praticam o fisiologismo e o cretinismo parlamentar.
As eleições burguesas são balizadas e 
manipuladas por “mediações ilusórias”, onde questões localizadas, de 
menor importância ou de cunho “moral” ou de fatores como uma melhor ou 
pior “competência para governar ou legislar” a respeito dos candidatos 
(deixando completamente de lado a discussão sobre temas de fundo, como o
 caráter do capitalismo) ganham destaque, rebaixando a discussão, ao 
deixar muito pouco espaço para a apresentação de propostas políticas 
abrangentes, voltadas para os grandes temas nacionais e para os embates 
no plano ideológico. São instrumentos de manutenção do status quo, que 
acabam por ajudar a despolitizar a população.
Nesse contexto, os partidos perdem 
importância e os pleitos se “fulanizam”, sendo este o padrão seguido nos
 programas de propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na TV, nos 
materiais eleitorais distribuídos (por profissionais, no caso dos 
partidos eleitoreiros) e na cobertura da mídia, inclusive alguns que se 
consideram de esquerda. Esta é uma tendência que, hoje, tende a se 
acirrar. Cada vez as eleições são mais midiáticas, com “puxadores de 
voto” de igrejas, radialistas, artistas e atletas populares.
Assim, não temos ilusões quanto à 
possibilidade de termos bancadas importantes nos parlamentos, de 
conquistarmos governos municipais e, muito menos, chegarmos ao 
socialismo pela via eleitoral, por meio de grandes reformas aprovadas no
 Parlamento, porque o capital não entrega o poder sem intensa luta 
popular. No entanto, é de grande importância termos representantes nas 
casas legislativas, desde que sejam quadros partidários, que exerçam o 
mandato em nome do Partido e não em proveito próprio. A principal 
diferença do parlamentar comunista é que o mandato não é seu, mas do 
Partido. Suas ações e iniciativas são decididas pelo coletivo 
partidário, dentro da linha política geral do Partido. A composição de 
seus gabinetes e a sua remuneração serão decididas pela direção 
partidária.
As diversas instâncias de eleições 
burguesas não são indiferentes para os comunistas. São grandes as 
diferenças entre as eleições para cargos legislativos e executivos. O 
PCB priorizará as eleições legislativas. Os parlamentares comunistas 
deverão ser tribunos populares, transformando seus mandatos num 
instrumento de sustentação política às lutas de massa e aos objetivos 
táticos e estratégicos do Partido. O papel dos parlamentares comunistas 
deve abranger a denúncia política, os pronunciamentos a respeito dos 
grandes temas em voga, a apresentação de propostas objetivas para os 
interesses da classe trabalhadora e, principalmente, a presença direta 
no apoio cotidiano às lutas populares e dos trabalhadores.
Sem cair no cretinismo parlamentar, os 
comunistas eleitos para as diversas casas legislativas não se dedicarão a
 concursos de oratória nas tribunas, não se deixarão cooptar pelo 
executivo, tampouco apresentarão projetos técnicos para maquiar a 
exploração. Ao contrário, deverão diferenciar-se de todos os seus pares,
 inclusive os que se definem como esquerda, mas que exercem o mandato 
como sua propriedade pessoal e tendo sempre como horizonte a sua 
reeleição, para a qual fazem concessões, inclusive de princípios. Os 
projetos de lei dos comunistas não podem ter como critério a 
possibilidade de serem aprovados, até porque a grande maioria deles será
 derrotada. Um projeto de lei voltado para os interesses das massas, 
quando derrotado, é uma grande lição para os trabalhadores compreenderem
 o caráter e a função do parlamento burguês.
Esta opção preferencial pelo legislativo
 não significa que não podemos disputar eleições para os Executivos, 
sobretudo quando não nos restam alternativas de coligações de esquerda 
ou quando a candidatura própria para o executivo possa contribuir para 
dar visibilidade ao Partido e a possibilidade de eleger um parlamentar 
naquele âmbito. Mas não disputaremos eleições executivas na ilusão de 
vencê-las ou de nos mostrarmos mais competentes e técnicos para resolver
 os problemas do cidadão, com projetos mirabolantes e miraculosos, para 
administrar melhor o capitalismo. E não devemos objetivar a eleição de 
parlamentares pensando em quantidade, mas em qualidade, o que requer 
plena confiança do Partido no nosso candidato como principal critério 
para a sua escolha.
Por outro lado, não podemos cair no erro
 oposto, de passar a campanha declarando apenas que todos os problemas 
só se resolverão com o socialismo. Sem cair em tecnicismos, iremos 
denunciar cada um dos problemas que precisam ser enfrentados 
apresentando propostas radicais, não no sentido de sectarismo, mas de 
honestidade política. O conteúdo de nossas campanhas ao Executivo deve 
ter como paradigma nossas resoluções estratégicas e táticas, com a 
apresentação de propostas radicais para a solução dos problemas vividos 
pela população, acopladas à denúncia das mazelas do capitalismo, as 
quais se manifestam concretamente nas realidades econômicas e sociais de
 cada município nesse país. A coordenação, a estratégia e o discurso da 
campanha, o planejamento financeiro e a política de alianças devem ser 
decididas com amplos debates que envolvam a militância partidária e os 
agrupamentos políticos e sociais que consigamos reunir, sob pena de o 
Partido não se sentir representado na campanha e no candidato.
Não podemos ter ilusões neste espaço de 
luta, pois na democracia burguesa as condições de disputa são 
extraordinariamente desiguais, para favorecer apenas àqueles que dispõem
 de imensos recursos financeiros e midiáticos e que são ideologicamente 
do campo do capital. Mas os fatores que mais dificultam a formação de 
frentes de esquerda e a eleição de nossos candidatos são a falta de 
inserção do Partido nas lutas e nos movimentos de massas, as nossas 
debilidades no campo da organização e o reduzido número de militantes 
num país com estas dimensões e complexidades. Por isso, a ação eleitoral
 do Partido deve ser construída a partir de nossa projeção nos 
movimentos de massa e na maior visibilidade conquistada na luta política
 e ideológica levada a cabo nos diversos campos onde atuamos. Nossas 
possibilidades eleitorais vão sendo construídas à medida em que nosso 
programa político, nossos posicionamentos frente às questões cotidianas 
da luta de classes e nossas ações – diretas e em meio às frentes das 
quais participamos – vão sendo reconhecidas.
A participação nas eleições deve se dar 
na forma de chapas próprias ou em alianças – fora do campo burguês – que
 possibilitem ao Partido expor e defender suas ideias e propostas de 
forma clara e inequívoca. O PCB rejeita veementemente a utilização de 
nossa sigla partidária como moeda de troca em acertos políticos 
eleitorais, regionais ou locais, com forças que compõem o bloco 
conservador, assim como a participação em qualquer esfera do poder 
público que implique em partilhar a responsabilidade de gestões 
associadas a este campo. Os mandatos dos parlamentares e membros do 
Executivo que venham a se eleger são do Partido e devem representar sua 
linha política e ideológica. O mandato de um parlamentar ou executivo 
comunista deve ser encarado como uma tarefa do Partido, a ser exercida 
dentro dos princípios que norteiam nossos valores proletários.
O PCB vem lutando pela constituição de 
uma Frente de Esquerda permanente, que tenha um caráter anticapitalista e
 anti-imperialista e que não se limite ao terreno eleitoral, mas que 
privilegie as diversas formas de luta no movimento de massas. Para o 
PCB, esta frente não se limita aos partidos com registro eleitoral, mas 
deve envolver outras organizações políticas e movimentos sociais que 
defendam a superação da ordem burguesa. Esta frente não se materializou 
nas eleições gerais de 2006, quando PCB, PSOL e PSTU apenas se coligaram
 para o apoio a uma candidatura carismática e individualista à 
Presidência da República e para as eleições aos governos estaduais, ao 
Senado, à Câmara Federal e às Assembleias Legislativas. Por não se 
tornar uma frente baseada na luta cotidiana das massas e não ter 
horizonte programático, a frente não se repetiu, nem nas eleições 
municipais de 2008, nem nas eleições gerais de 2010. O PCB entende, 
entretanto, que devemos manter os esforços para a constituição da Frente
 de Esquerda permanente. Na questão eleitoral, o diálogo deve ser 
mantido especialmente com as correntes do PSOL com as quais temos mais 
identidade e que expressem o espírito de unidade com o PCB. A critério 
exclusivo do Comitê Central, podem ser analisadas outras possibilidades 
no campo popular e democrático, sobretudo em conjunto com o PSOL.
Para o PCB, a unidade eleitoral da 
esquerda não implica em aplainar as diferenças existentes, muito menos 
em algum tipo de rendição programática que conduza à diluição de nossas 
diferenças, tanto em relação ao projeto democrático popular mal 
superado, quanto ao esquerdismo. É um momento de unidade na luta que 
contraponha, ao discurso oficial do bloco hegemônico liderado pelo PT e 
pelo PSDB, uma alternativa de caráter popular e socialista, também como 
opção eleitoral.
Um Programa Anticapitalista para as Cidades
Os comunistas do PCB utilizarão o espaço
 das campanhas eleitorais para, em primeiro lugar,  avançar na 
organização e no nível de politização dos trabalhadores, contribuindo 
para a difusão das ideias socialistas e comunistas e o aprofundamento da
 luta de classes e das lutas contra a dominação capitalista nas cidades.
 E se empenharão na criação de mecanismos de participação popular, na 
perspectiva da democracia direta, capazes de dar sustentação a um 
projeto de transformação profunda da sociedade, no rumo da construção do
 socialismo.
Trata-se de promover um grande movimento
 em favor da mudança radical na orientação do desenvolvimento econômico e
 social das cidades, que deve ser pensado a partir das necessidades dos 
trabalhadores e das camadas populares, as maiores vítimas das formas 
brutais de exploração do trabalho e do crescimento urbano desordenado 
imposto pela ordem capitalista, quadro este responsável pela queda 
vertiginosa da qualidade de vida, pelo aumento da violência e das 
doenças, pela desigualdade de acesso à educação, ao conhecimento e à 
cultura, pela destruição do meio ambiente.
Por isso lutamos por um modelo econômico
 que transfira renda dos capitalistas, latifundiários e especuladores 
para as classes trabalhadoras. O orçamento público deve ser pensado, na 
lógica do interesse das classes populares, com vistas a promover esse 
processo de transferência de renda. De um lado, taxando pesadamente o 
capital e combatendo a sonegação. De outro, investindo prioritariamente 
nas áreas sociais: educação, saúde, cultura, assistência social, reforma
 urbana e agrária, preservação ambiental, agricultura familiar e 
economia solidária.
Radicalizar a reforma urbana para além 
do atual Estatuto da Cidade é buscar recuperar a justiça social nas 
cidades. A moradia digna, a educação, a saúde, o saneamento básico, o 
transporte, a cultura, o lazer, ou seja, os serviços sociais públicos, 
com qualidade, são direitos do cidadão e como tal devem ser 
universalizados através do Estado. O controle democrático radical das 
políticas públicas se dará por meio da construção do Poder Popular, para
 promover a verdadeira revolução na administração pública, retirando o 
caráter de mercado dos serviços sociais e garantindo a sua 
universalização como direitos.
Revolucionar a educação e a cultura é 
construir um sistema educacional que rompa com a reprodução da ideologia
 dominante e a desigualdade de acesso ao conhecimento, à cultura e à 
arte universais, promovendo a escola pública integral e humanista, capaz
 de romper com a mercantilização da formação e da educação hoje vigente.
 Os enormes ganhos que a escola privada hoje obtém devem ser taxados 
para financiar a expansão da rede pública, contribuindo para o combate à
 lógica da reprodução capitalista que reserva à escola pública a 
formação para o trabalho assalariado.
Somente com a mobilização dos 
trabalhadores e a participação popular organizada será possível realizar
 os objetivos gerais do Programa Anticapitalista do PCB para as cidades,
 cujos pontos centrais são:
Propostas gerais (principais bandeiras políticas)
Democracia Direta e Poder Popular
- Construir o Poder Popular significa 
instituir a democracia participativa direta, de forma a que os 
trabalhadores e as comunidades proletárias possam experimentar 
mecanismos de participação e decisão política, através dos Conselhos 
Populares. Trata-se de um longo percurso, no qual os trabalhadores devem
 ir construindo no interior da velha ordem os elementos constitutivos e 
organizativos da futura ordem socialista. As lutas populares no âmbito 
do poder local colocam, cada vez mais, na ordem dia o protagonismo dos 
trabalhadores e das massas populares, que buscam criar meios 
institucionais para que seus interesses e necessidades sejam defendidos 
com independência e autonomia, não se prendendo aos limites da atual 
ordem institucional, mas inovando e criando novas formas de poder 
político, no sentido da democracia direta.
- Por isso propomos a construção de 
órgãos de poder proletário e popular que, atuando na forma de conselhos 
autônomos da classe trabalhadora, exercitem o processo de gestão e 
deliberação sobre os assuntos que dizem respeito diretamente às massas 
populares, além de ações diretas para solucioná-los. É necessário 
organizar a luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e 
moradia, pelo acesso universal à saúde, à educação e aos serviços 
fundamentais, não apenas como ampliação de serviços públicos, mas pelo 
controle do processo e da qualidade da execução das políticas públicas.
- Será preciso organizar também formas 
de abastecimento e controle popular de distribuição dos bens essenciais à
 vida, desenvolver uma solidariedade ativa entre as categorias e setores
 sociais, fomentar interesses comuns e a necessidade de uma nova forma 
de organização da produção social da vida para além do mercado e da 
lógica do capital. E ainda: organizar a cultura proletária e popular 
como acesso e produção universal de bens culturais, formação política, 
conhecimento da história, do funcionamento da sociedade e da luta 
internacional dos trabalhadores, para além da formação técnica e 
profissional.
- Os Conselhos Populares nascerão das 
experiências concretas de lutas dos trabalhadores, partindo mesmo de 
organismos já existentes, como associações de moradores, conselhos 
comunitários nos bairros, sindicatos, organizações nos locais de 
trabalho, comitês da juventude, movimentos de moradia, luta contra o 
desemprego, contra privatizações, luta pela terra, fóruns comuns de 
mobilização envolvendo bandeiras gerais como a saúde, a educação, os 
transportes, a defesa do meio ambiente etc). Cabe aos militantes 
comunistas a intervenção organizada nestes espaços, promovendo sempre a 
denúncia da ação do capital em todas as esferas da sociedade e da vida e
 apontando para a solução radical dos problemas vividos pelos 
trabalhadores. Daí ser necessário ter como norte a difusão de 
experiências de ação que já ocorrem em várias cidades do país, mas que 
hoje ainda possuem um alcance localizado e disperso: a ocupação de 
fábricas e empresas, com a formação de comitês voltados à organização da
 produção sob o controle dos trabalhadores; a ocupação de espaços 
ociosos (a serviço da especulação imobiliária) para a moradia popular; a
 ocupação dos latifúndios, com o propósito de organizar a produção 
cooperativada, sob a direção dos trabalhadores, etc.
- Depende de muita luta e organização a 
possibilidade de se constituir tal realidade, em que sejam colocadas 
frente a frente as alternativas antagônicas de ordenamento da sociedade:
 de um lado, o Estado burguês e os diversos mecanismos e aparelhos 
responsáveis pela reprodução e manutenção da ordem capitalista; de 
outro, as forças políticas e organizações sociais e populares, reunidas 
em torno do Poder Popular, defendendo uma nova ordem socialista. O 
momento eleitoral é propício para que o debate político se dê em torno 
das questões programáticas e do seu conteúdo histórico e ideológico, 
superando qualquer tentativa de conduzir a luta por caminhos reformistas
 ou pelo pragmatismo oportunista.
Propostas Específicas
1 – Economia e Planejamento geral das cidades
- Criação dos Conselhos Populares de 
Educação, Saúde, Transportes, Habitação, Meio Ambiente, Cultura, 
Esportes, etc, com representantes eleitos em cada bairro, distrito e 
município, para promover a conscientização política e a participação 
direta da população no processo de tomada de decisão e formulação dos 
programas e planejamento das ações dos governos municipais, com 
acompanhando e controle popular sobre a execução das políticas públicas 
para todos os setores;
- Garantia de participação direta na 
elaboração e implantação dos planos diretores das cidades; luta por 
condições adequadas de infraestrutura urbana (como calçamento, água 
encanada e saneamento, iluminação pública, rede elétrica, telefonia e 
outros elementos) e social, como segurança sob controle social, postos 
de saúde, escolas, transportes, assistência social e outros;
- Promoção do desenvolvimento voltado 
para a inclusão e a igualdade social, com a garantia do emprego, da 
moradia, da geração de renda e a dignificação das condições de trabalho e
 remuneração do quadro de servidores públicos;
- Expansão da presença do Estado para a 
universalização do acesso aos serviços urbanos (saneamento, água, luz, 
gás, etc) e dos serviços sociais básicos (saúde, educação, cultura, 
lazer, segurança, habitação), visando à reversão do caráter de mercado 
hoje inerente aos mesmos;
- Planejamento econômico e social 
participativo visando o crescimento ordenado das cidades e do campo, a 
promoção do uso social da propriedade e o desenvolvimento com qualidade 
de vida, priorizando ações voltadas às camadas populares;
- Reforma urbana centrada no uso social 
da propriedade e do solo urbano e de um plano de desenvolvimento social,
 com imposto progressivo sobre o capital, as finanças, as grandes 
propriedades e grandes fortunas, sob controle e fiscalização pelos 
trabalhadores, organizados no Poder Popular;
- Estatização das empresas privadas de 
transportes, saneamento, água, energia elétrica, coleta de lixo e 
expansão dos serviços sociais, visando fortalecer sistemas públicos de 
educação, saúde, transportes e garantir universalização do acesso ao 
serviço gratuito e de qualidade, com melhoria dos salários e das 
condições de trabalho dos trabalhadores;
- Elaboração de programas de geração de 
emprego e renda e serviços públicos de qualidade, tais como obras 
públicas com fiscalização direta da população, construção de moradias, 
ampliação das redes de saúde e educação, recuperação de prédios e 
instalações dos municípios, jardinagem e tratamento paisagístico, 
limpeza urbana, obras de saneamento e de construção de redes de 
abastecimento de água, ações preventivas de saúde, controle de trânsito,
 reflorestamento e recuperação ambiental;
- Isenção de taxas e cobranças de 
serviços básicos (água, luz, gás) para os desempregados e proteção 
contra as ações de despejo por falta de pagamento em caso de desemprego;
- Programa de alimentação popular, com 
restaurantes públicos e cestas básicas a preço subsidiado, para famílias
 cadastradas; abrigo e alimentação para a população de rua, com a 
utilização de imóveis do Estado para este fim;
- Reajustes anuais de salários dos 
servidores públicos e implantação ou cumprimento dos planos de carreira 
elaborados a partir de ampla participação dos trabalhadores.
- Incentivo à produção industrial e 
agrícola voltada para o abastecimento interno, ao desenvolvimento de 
infraestrutura e de empreendimentos nas áreas sociais, intensivas em 
trabalho e geradoras de bem estar, como habitação, transportes, 
educação, saúde e cultura;
- Programa de reforma agrária e de 
formação de cooperativas, voltado para a produção de 
hortifrutigranjeiros, articulada à criação de mercados populares para 
venda de alimentos e produtos do trabalho individual e cooperativo;
- Desapropriação de fazendas e criação 
de áreas de produção de pequeno porte no entorno das cidades, com a 
concessão do direito ao usufruto da terra sem direito de revenda;
- Programas de apoio público, sob 
controle popular, a pequenos empreendimentos e à viabilização de 
pequenos produtores agrícolas, com o estímulo à formação de 
cooperativas;
- Recuperação do patrimônio histórico e incentivo ao turismo cultural e ecológico;
- Plano de desenvolvimento científico e 
tecnológico que aponte para prioridades sociais: emprego, saúde, 
educação, habitação, transportes, defesa civil, meio ambiente, habitação
 e desenvolvimento urbano.
2 – Educação
- Criação dos Conselhos Populares de 
Educação, para, através do Poder Popular, promover a necessária 
revolução na educação, na lógica oposta à da mercantilização do ensino, 
da desigualdade de acesso ao conhecimento e à reprodução da ideologia 
burguesa;
- Taxação progressiva dos lucros obtidos
 pela rede privada, para financiar a expansão da escola pública; aumento
 da fiscalização sobre as escolas particulares, nos planos acadêmico, 
trabalhista e fiscal, com o descredenciamento, pelo Município, das 
empresas educacionais de baixa qualidade ou em situação irregular;
- Universalização do acesso à Educação 
Infantil e ao Ensino Fundamental público, gratuito e de qualidade, com 
elevação do padrão de qualidade do ensino, combatendo a lógica da 
reprodução capitalista e da dominação burguesa, que reserva aos alunos 
da escola pública a formação para o trabalho assalariado;
- Construção de uma escola universal, 
laica e libertária, que permita ao educando obter uma formação sólida, 
rica, crítica e abrangente, para levá-lo ao exercício pleno de suas 
potencialidades e da cidadania;
- Melhoria dos salários e das condições 
de trabalho dos profissionais de educação, com contratação apenas por 
concurso, fim das terceirizações e dos contratos temporários, aplicação 
dos planos de cargos e salários dentro do regime estatutário, elevação 
do padrão de qualificação e programas de formação continuada;
- Autonomia e gestão participativa nas 
escolas, com eleição para os cargos de diretores e garantia da 
participação das comunidades escolares nas decisões sobre o Projeto 
Político Pedagógico e nas demais políticas de interesse da população e 
dos trabalhadores;
- Programa de apoio econômico às 
famílias, com base na carência de cada uma e na existência de filhos e 
agregados matriculados e estudando nas escolas públicas municipais;
- Programas de construção de salas de 
leitura, bibliotecas, áreas esportivas e instalações adequadas e 
condições materiais para o ensino de arte e educação física para todos 
os estudantes da rede municipal.
3 – Cultura
- Criação dos Conselhos Populares de 
Cultura, para debater e decidir políticas públicas de incentivo às 
produções artísticas e culturais organizadas pela população nos bairros,
 distritos e comunidades, com a mais ampla e irrestrita liberdade de 
manifestação popular nos campos cultural, intelectual e artístico, em 
contraponto à forma capitalista de criar, distribuir e consumir bens 
culturais;
- Cadastramento, recuperação e preservação do patrimônio histórico e cultural das cidades;
- Criação de Centros Culturais, com 
salas para acesso à internet, biblioteca, livraria, cinema, teatro, 
salas de leitura, espaço para dança e exposições;
- Fomento à produção de livros e 
abertura de livrarias; criação de mercados populares para a venda de 
livros e outros produtos culturais;
- Programas de fomento a novos artistas,
 autores e grupos e de formação de público, garantindo o acesso amplo 
aos mais diversos gêneros de música, dança e artes plásticas;
- Apoio à criação e expansão de museus interativos.
4 – Meio ambiente
- Criação dos Conselhos Populares do 
Meio Ambiente, com vistas à definição de políticas que busquem a 
preservação ambiental na lógica contrária do capitalismo e que avancem 
para além do discurso rebaixado do “marketing verde”;
- Plano de desenvolvimento e recuperação
 do meio ambiente, que inclua recomposição da cobertura vegetal, a 
recuperação de rios, lagoas, restingas, além de outros sistemas;
- Cumprimento e aperfeiçoamento da 
legislação municipal para que contemple a proteção ambiental, com forte 
taxação e penalidades às empresas destruidoras do meio ambiente;
- Criação de polos industriais para 
incentivo às empresas produtoras de mercadorias ambientalmente 
amigáveis, que utilizam energias renováveis, tecnologias limpas e 
promovam boas condições de trabalho;
- Incentivo à pesquisa, à produção e à 
distribuição de energia a partir de fontes renováveis, com destaque para
 as energias eólica, solar e de biocombustíveis; políticas de estímulo 
ao consumo de energia gerada por fontes alternativas;
- Construção de usinas de reciclagem de 
lixo, com tecnologia apropriada; eliminação dos “lixões” e aterros 
sanitários existentes;
- Projetos de educação ambiental nas escolas e comunidades; coleta seletiva do lixo;
- Ampliação e conservação, sob controle popular, do número e da qualidade de parques e jardins nas cidades.
5 – Transportes
- Criação dos Conselhos Populares de 
Transportes, para deliberação sobre as políticas de transportes públicos
 e de trânsito e seu acompanhamento, na ótica dos interesses e 
necessidades dos trabalhadores e das camadas populares, com a  garantia 
da mobilidade urbana a baixo preço para todos e amplo debate sobre a 
qualidade dos serviços e os níveis justos das tarifas;
- Prioridade ao desenvolvimento do 
sistema de transporte coletivo e de massa e integrado, com prioridade os
 modos aquaviário e ferroviário, com VLTs, metrôs, trens e barcas;
- Garantia de transporte gratuito para idosos, deficientes físicos, estudantes e desempregados;
- Garantia de transporte noturno em horários regulares;
- Criação de empresas públicas, não 
renovação de concessões, revisão de contratos e aumento da fiscalização 
sobre as empresas privadas, com a encampação das empresas irregulares ou
 em situação falimentar, apontando para a construção de um sistema de 
transportes totalmente público;
- Revisão do sistema de tarifação atual,
 com a implantação de tarifa única a baixo preço, em nível de cerca de 
1/3 dos valores atuais;
- Desenvolvimento de ciclovias.
6 – Saúde
- Criação dos Conselhos Populares de 
Saúde, que reúnam os trabalhadores e suas organizações, nos locais de 
moradia e de trabalho, com vistas a aprofundar as lutas contra a 
privatização e pela universalidade do acesso à saúde pública, estatal e 
de alta qualidade;
- Expansão da rede pública, para 
garantir o acesso universal ao sistema de saúde gratuito e de qualidade,
 com ações integradas e preventivas de saúde;
- Aumento imediato dos salários dos 
profissionais de saúde e implantação dos planos de carreira, com o fim 
dos contratos precários e da flexibilização das relações de trabalho;
- Criação e expansão do programa de 
Saúde da Família, para acompanhamento sistemático da saúde da população,
 com a formação de agentes de saúde para a realização de um efetivo 
trabalho integrado dos profissionais da saúde com a comunidade, através 
de visitas domiciliares, controles de epidemias, acompanhamento efetivo 
de pacientes com doenças crônicas, prevenção de doenças da infância, 
incentivo ao aleitamento materno etc;
- Fim dos contratos com as Organizações 
Sociais, ONGs, terceirizações e demais medidas privatizantes adotadas a 
partir do sucateamento da rede pública de saúde;
- Saneamento básico e provimento de água potável para toda a população;
- Criação de centros de esporte e lazer 
nas cidades; recuperação e modernização de praças e parques para 
atividades esportivas e de lazer;
- Implantação de programas de atendimento a gestantes, crianças e paciente crônicos; programa eficiente de saúde da mulher;
- Legalização do aborto e políticas públicas de promoção dos direitos da mulher.
7 – Habitação
- Criação dos Conselhos Populares de 
Habitação, para participação direta da população na definição das 
políticas de moradia e controle popular sobre a aplicação das verbas 
públicas e fundos estatais voltados para este fim;
- Universalização do acesso à habitação de qualidade para todas as famílias;
- Pela legalização das ocupações e contra a política de remoções;
- Reassentamento, com infraestrutura urbana e moradia digna, próximo ao local da comunidade reassentada;
- Destinação das terras públicas para habitação de interesse social (famílias abaixo de um salário minímo do DIEESE);
- Combate à especulação imobiliária, pela aplicação da função social da propriedade;
- Taxação progressiva dos impostos sobre a propriedade;
- Articulação dos programas habitacionais e de implantação de infraestrutura com uma política de geração de emprego e renda;
- Envolvimento das universidades e dos 
institutos de pesquisa na implementação do plano de reforma urbana, com o
 redirecionamento de ações de ensino, pesquisa e extensão, articulando 
temáticas sociais ao planejamento e desenvolvimento urbano.
8 – Seguridade Social, bem estar e direitos humanos
- Criação do Conselho Popular dos 
Direitos do Cidadão, encarregado de traçar uma política de direitos para
 a população, de coordenar a rede de Centros de Direitos e da Cidadania e
 de fiscalizar a elaboração e a execução das políticas públicas de 
seguridade social, bem estar e segurança;
- Criação dos Centros de Direitos e da 
Cidadania, para prover juizados de pequenas causas, serviço de 
identificação e de orientação à população;
- Garantia de cobertura assistencial médica e social aos idosos e doentes crônicos; rede de creches públicas;
- Programa de segurança alimentar, para a garantia da alimentação básica a toda a população;
- Programas de combate contra qualquer tipo de discriminação – racial, sexual, religiosa e outros;
- Políticas públicas voltadas à promoção
 da saúde integral da mulher, no campo dos direitos sexuais e 
reprodutivos, dos direitos sociais e das relações de trabalho;
- Política pública de segurança, sob 
controle popular, para combater a violência com ações integradas de 
distribuição de renda e desenvolvimento social, associadas a uma ação 
policial prioritariamente investigativa.

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