Ivan Pinheiro
Hoje é um dia que a mídia
hegemônica euforicamente saudará como uma “festa da democracia”,
mais um espetáculo para iludir o povo com a impressão de que ele decide o seu
destino, escolhendo representantes.
Os opressores, que fazem
política cotidianamente, valorizam as eleições para passar aos oprimidos a
impressão de que política é poder votar livremente num candidato, na maioria
das vezes um opressor! Daqui a dois anos, chegará novamente a “hora da
política”.
Este teatro - farsa, drama e
comédia - não tem nada de democrático. Democracia é igualdade de condições para
se travar qualquer disputa. A desigualdade está nas fortunas gastas nas
campanhas, no financiamento de empresas, na corrupção, na manipulação
midiática, na maquiagem demagógica de candidatos.
Os verdadeiros temas políticos
e ideológicos são colocados em segundo plano, imperando a demagogia e o debate
técnico sobre como resolver problemas em geral insolúveis no capitalismo.
Mas os comunistas não
renunciam a lutar em qualquer terreno. Mesmo conhecendo suas desvantagens,
enfrentam a burguesia em seu próprio campo, desmascarando-a, denunciando o
sistema político, econômico e social.
O PCB mais uma vez enfrentou
este desafio; mais uma vez, milhares de verdadeiros militantes comunistas foram
às ruas, aos bairros, às escolas e aos trabalhadores, levando a mensagem do
socialismo, denunciando o capitalismo, o imperialismo.
Os nossos resultados políticos
foram positivos; os resultados eleitorais serão modestos, pois o PCB se recusa
a participar de coligações com partidos da ordem, que poderiam nos assegurar
mandatos, mas que custariam caro à nossa coerência política, ao nosso projeto
de ruptura com o capital.
O PCB avançou também em seu
processo de reconstrução revolucionária. Nas eleições burguesas os militantes
se revelam, para o bem ou para o mal. A regra foi a militância aguerrida, a
disciplina consciente, a defesa da linha política do Partido. As direções do
PCB não vacilaram em anular coligações espúrias, retirar candidaturas,
dissolver instâncias partidárias, expulsar os que se degeneraram. O Partido sai
depurado dessas eleições.
Assim mesmo, contra a nossa
vontade, ainda disputarão essas eleições alguns candidatos que, apesar de
impugnados e expulsos pelo PCB, conseguiram manter a candidatura por força de
decisões judiciais. Não são candidatos do PCB, mas de juízes e grupos
oligárquicos locais. São produtos residuais de filiações indiscriminadas feitas
antes de nossa decisão de só admitir militantes (e não apenas filiados) por
recrutamento (e não por filiação). Servem de lição para redobrarmos nossa
vigilância revolucionária.
Mas as eleições passam e a luta continua. Não
será através delas que construiremos o socialismo, nem diminuiremos a
exploração capitalista.
Vêm aí o Congresso da Unidade
Classista, as lutas contra as reformas regressivas dos direitos trabalhistas e
previdenciários, o trabalho entre a juventude, as mulheres, os trabalhadores e
o proletariado em geral; vem aí o cotidiano da luta de classes, o exercício do
internacionalismo proletário, a construção do Partido, os debates do XV
Congresso.
E não podemos deixar de nos
dirigir aos aliados da Frente de Esquerda, com os quais lutamos nesta batalha
eleitoral. Não queremos mais meras coligações eleitorais. O PCB espera que a
generosa demonstração de unidade que deu nessas eleições contribua para a
construção de uma frente permanente, para a luta cotidiana contra o capital e o
imperialismo, na perspectiva do socialismo.
Ivan Pinheiro
Secretário Geral do PCB
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