quinta-feira, 5 de abril de 2012

Grécia chocada por suicídio público nas portas do parlamento


Diário Liberdade - Dimitris Christoulas matou-se pelas dívidas e culpou o governo da sua situação limite antes de se disparar à cabeça. Era um farmacéutico reformado acossado pelas dívidas, que foi incapaz de enfrentar. Aconteceu ontem (4) pelas 9:00 h na Praça Syntagma de Atenas, lugar onde se encontra o parlamento grego.

Na sua carta de suicídio lia-se: "O governo de Tsolakoglou [pelo primeiro ministro que em 1941 permitiu a entrada dos nazis na Grécia, e com quem Christoulas comparou o atual premié] aniquilou todos os vestígios da minha sobrevivência. E já que não consigo encontrar justiça, não consigo encontrar outra forma de reagir que não pôr um final decente [à minha vida], antes que começasse a procurar comida no lixo." Segundo testemunhos, Christoulas berrou "não quero deixar dívidas aos meus filhos" antes de morrer.
Segundo os dados do próprio Ministério de Sanidade do país heleno, os suicídios aumentaram 40%até junho de 2011, e os dados desde então possivelmente não tenham feito mais do que piorar: fome, miséria e abandonos de crianças que não podem ser atendidas são já pratos comuns à mesa da sociedade grega. Tal como os pratos de comida que Christoulas não quis "procurar no lixo", acrescentando na sua nota de suicídio que não podia "ter uma vida digna".
O ex-farmacéutico disse também que algum dia "nessa mesma praça" na que ele morreu "os jovens tomarão as armas e aforcarão os traidores deste país, como os italianos fizeram com Mussolini em 1945".
Homenagem a Dimitris Christoulas
Cidadãs e cidadões acudiram ao lugar do sucesso para render homenagem a Dimitris Christoulas. Depositaram flores e lembranças no lugar da sua morte, e culparam o governo grego de ser o instigador do sucesso. As manifestações da noite em relação ao acontecido terminaram com enfrontamentos com as forças repressoras do regime grego, que detiveram 12 pessoas.
Como na 'Primavera Árabe'
Um dos fatos pontuais detonantes da chamada 'Primavera Árabe' foi precisamente o intento de suicidio de Mohamed Bouazizi, um jovem da Tunísia desesperado ao ser privado de trabalhar mesmo por conta própria e de maneira informal. Houve quem no dia de hoje estabeleceu paralelismos entre um e o outro sucesso.
Foto:  PETROS GIANNAKOURIS (AP) / Flores no lugar do suicídio

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