segunda-feira, 30 de abril de 2012

É difícil ser trabalhador hoje em dia...

Operárias da GM em greve Dezembro de 1984.

Atualmente convive-se com muitas facilidades possibilitadas pelos avanços tecnológicos, uma pessoa no Japão consegue falar com outra aqui no Brasil pelo computador. No Brasil existem mais de 200 milhões de celulares, usa-se cada vez mais cartão do que dinheiro no dia-a-dia. Esses avanços são inegáveis, mas no fim nada elimina a necessidade de humanos para operar máquinas ou coisas do tipo.

O número de trabalhadores na indústria decai todo ano, seja pela robotização, seja pela desindustrialização, mas ainda assim é necessário um humano para ligar os robôs, assim como no setor de serviços e varejo, onde boa parte dos trabalhadores localizam-se hoje em dia, eles ainda são necessários, robôs não fazem vendas, nem ensinam, nem fazem procedimentos cirúrgicos.

Assim os humanos ainda são necessários na cadeia do processo produtivo, embora as condições nas quais eles realizem esse processo piorem a cada dia que passa. O trabalhador atual acorda muito cedo passa horas no transito para chegar a ambientes onde impera a competição onde cada vez menos pode se solidarizar com seu colega de trabalho devido à competição e ao perigo do desemprego.

Seus filhos estudam em escolas péssimas com salas de aula apertadas sem carteiras, com professores tão explorados quanto eles, pois, ganham pouco e precisam ensinar sem material em salas lotadas. Caso fiquem doentes pelo excesso de trabalho tanto o professor quanto o trabalhador precisam enfrentar filas enormes nos hospitais públicos, quase sem equipamentos e com enfermeiros e médicos tão mal remunerado quanto eles que fazem turnos enlouquecedores.
Foto de Sebastião Salgado



Na realidade tanto na iniciativa privada como no serviço público é muito difícil ser trabalhador hoje em dia. No entanto todos os dias, professores, médicos, enfermeiros pedreiros, vendedores, garis, zeladores, jardineiros, prostitutas acordam por que precisam realizar o exercício de trabalhar seja ele produtivo ou não para poder sobreviver já que não são donos de fábricas, ferramentas e empresas, mas essa necessidade é maior do que a simples sobrevivência, eles necessitam realizar essas atividades todos os dias, pois todas as nossas cidades, todos os nossos produtos que consumimos são feitos por nós, nesse processo construímos o nosso mundo e também nos construímos, pois, é justamente essa capacidade mágica de transformar uma pedra em uma ferramenta, ou em qualquer outra coisa que nos diferencia dos macacos, cachorros e gatos e nos transforma em humanos.

Portanto, por mais difícil que é ser trabalhador hoje em dia, tal atividade possui um potencial sem igual na nossa realidade, e justamente por possuir esse poder ao contrário do patrão é que nós os trabalhadores precisamos lutar para modificar esse atual estado de coisas tão horrível.

O primeiro de maio é uma data importante, mas uma na qual não devemos apenas comemorar um emprego com carteira assinada, mas sim respeitar os milhões de trabalhadores que vieram antes de nós e que construíram todo o mundo que conhecemos, e que principalmente as vezes se sacrificando por um futuro melhor nos entregaram direitos trabalhistas que os patrões e os políticos tentam todos os dias caçarem de nós.
Mas não devemos nos ater apenas aos direitos já conquistados, nosso poder com o trabalho é tão grande que devemos nos solidarizar com todos os trabalhadores e nessa união lutar para que esses direitos sejam ampliados, e não só ampliados, que os frutos de nosso duro trabalho não sejam mais roubados na cara dura de nós.

O primeiro de maio não é apenas um feriado, mas o principal deles onde os trabalhadores de todo o mundo devem comemorar aquilo que de fato eles são os trabalhadores do mundo, aqueles que de fato constroem o mundo.

João Vicente Nascimento Lins  - Membro do Comitê Municipal de Maringá do PCB 01/05/2012

Foto de Sebastião Salgado


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