INFORME POLÍTICO: VI CONGRESSO NACIONAL
DA UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA
UJC 85 ANOS - NOSSOS SONHOS JAMAIS
ENVELHECEM!
Julho de 2012. A história dos comunistas
brasileiros regressa, depois de 90 anos, à cidade de Niterói, através de um
jovial e vigoroso instrumento político de 85 anos, a União da Juventude
Comunista (UJC). Lá a juventude do PCB debateu, estudou e organizou seu VI
Congresso sob as mesmas necessidades e princípios que nortearam os fundadores
de 1922 e 1927: a liquidação revolucionária do capitalismo.
Nascemos em 1927. Somos a primeira organização
juvenil de esquerda a se organizar em nosso país. Trazemos a experiência
balizada pelos anseios e lutas de nossa classe e as opções estratégicas do
Partido Comunista Brasileiro, com erros e acertos, vitórias e derrotas. E é com
esta bagagem histórica e compromisso reafirmado com a classe trabalhadora que
apresentamos nossas propostas à juventude brasileira.
Nós, os jovens comunistas brasileiros, reunidos
entre 12 e 15 de julho, avaliamos que o modo de produção capitalista é o
principal inimigo da juventude e que sua continuidade representa uma ameaça à
espécie humana, restando-nos uma única alternativa: lutar por uma sociedade
socialista! Uma luta legítima, pois contra a destruição da humanidade
ocasionada pela barbárie do capital. E tendo o socialismo como processo
transitório para a emancipação dos trabalhadores, a sociedade comunista.
Uma das principais demonstrações dos limites
históricos do capitalismo é a atual crise mundial, que revelou de maneira
profunda e didática os limites estruturais desse sistema. Enquanto os governos
capitalistas injetam trilhões para salvar banqueiros e especuladores, os
trabalhadores e a maior parte da juventude pagam pela crise com desemprego, retirada
de direitos sociais básicos e aprofundamento das desigualdades.
A hegemonia imperialista mantém sua ofensiva para
tentar recuperar as taxas de lucro e conter os avanços dos processos de luta
popular pelo mundo. Promovem guerras contra os povos, como no Iraque, Líbia,
Afeganistão e mais recentemente na Síria; armam Israel para ameaçar a população
da região e expulsar os palestinos de suas terras. Solidarizamos-nos com a luta
dos trabalhadores gregos, espanhóis, portugueses e outros, contra os efeitos da
crise do capital e de seus governos.
Na América Latina, desenvolve uma política de
isolamento e sabotagem a governos progressistas como na Venezuela, Equador e
Bolívia, além de seu permanente bloqueio, ameaças e mentiras contra Cuba
socialista.
Acompanhamos, em nosso continente, dois
importantes eventos de resistência anti-imperialista: a importante luta pela
reeleição de Hugo Chávez na Venezuela e a solidariedade a todas as formas de
luta do povo colombiano, com destaque para o ascenso do movimento político e
social Marcha Patriótica. A eleição de Chávez, com todas as limitações,
representa a possibilidade de maiores transformações na sociedade venezuelana e
a sustentação a outros processos anti-imperialistas no continente. O movimento
Marcha Patriótica se notabiliza hoje como o maior movimento de massas na
América Latina, um aglutinador de todas as organizações do povo colombiano que
anseiam pela paz com justiça social naquele país. Este movimento já vem sendo
fortemente reprimido pelo Estado narco-terrorista colombiano e o seu braço
paramilitar.
A UJC continuará, no Brasil, com sua consequente
solidariedade aos povos em suas lutas contra o capital e o imperialismo,
independente das suas formas de atuação. Solidarizamos-nos com a resistência do
povo paraguaio ao golpe e denunciamos a negligência do governo brasileiro ao
povo paraguaio. Os setores golpistas e as empresas como a Monsanto e a Cargill,
os latifundiários, o governo estadunidense e a mídia internacional burguesa
colaboram com a ditadura vigente, mantendo os interesses do capital. Nesse
sentido, a UJC chama atenção para a necessidade de organizar comitês locais em
solidariedade à luta do povo paraguaio, dando força aos atos e debates
públicos, dos quais a UJC já participa, na perspectiva de fortalecer a rede de
apoio da luta contra o golpismo imperialista no continente.
Os efeitos da crise no Brasil começam a se
acelerar: cortes orçamentários em serviços sociais básicos, privatização de
recursos naturais e estratégicos de nossa economia, precarização e
flexibilização de direitos sociais são algumas medidas que o governo Dilma vem
adotando em plena sintonia com os interesses das burguesias internacional e
brasileira. Entendemos que o capitalismo brasileiro é parte do processo de
acumulação mundial e integrante do sistema de poder imperialista no mundo,
ressaltando-se que as classes dominantes daqui estão entrelaçadas ao capital
internacional. As contradições inter-burguesas se voltam fundamentalmente à
disputa de espaços dentro da ordem do capital imperialista, ainda que se
mantenha subordinada a esta.
Do ponto de vista político e institucional, o
Brasil consolidou seu estado burguês: está em pleno funcionamento um
ordenamento jurídico estabelecido, reconhecido e legitimado, as instituições
estão consolidadas no Executivo, Legislativo e Judiciário. Consolidação
fundamentada através do fortalecimento do caráter burguês enraizado na
sociedade civil brasileira, mediante um processo de dominação burguesa nos
meios de comunicação, educação e nas organizações culturais. Também é
importante ressaltar o processo de cooptação e amoldamento de diversas
organizações e entidades do campo popular à ordem dominante em nosso país.
No entanto, acreditamos que o atual cenário de
crise e ataques aos direitos básicos da juventude e dos trabalhadores tende a
expor, de maneira mais clara, as contradições de classe na sociedade
brasileira.
No último período, mesmo que dispersos, cresceram
os movimentos de luta por uma educação e saúde públicas e de qualidade, além de
movimentos grevistas de categorias ligadas diretamente à precarização das
condições de trabalho, tais como os setores de serviços públicos e construção
civil. As contradições do desenvolvimento capitalista tendem a acirrar a luta
de classes em nosso país, emergindo daí a necessidade da construção do Bloco
Revolucionário do Proletariado, enquanto um processo de aglutinação das lutas
anticapitalistas e anti-imperialista em contraposição ao bloco burguês e seus
aliados, dentro da perspectiva do socialismo-comunismo.
Para nós, Jovens Comunistas, a forma capitalista
é antagônica à vida humana. Para sobreviver, o capital ameaça a vida e,
portanto, para manter as condições básicas de produção e reprodução da vida,
devemos superar o capital. Não há mais espaço para conciliação! Não somos nem
seremos mais uma organização a idealizar uma impossível humanização do
capitalismo. Afirmamos, com toda a certeza, que é chegada a hora de
criar as condições para a revolução socialista! É esta estratégia que norteia
as ações cotidianas da UJC, com as devidas mediações, em suas frentes de
atuação: Jovens Trabalhadores, Movimento Estudantil, Cultura, além do seu
formato de organização e questões transversais.
Neste cenário, compreendemos a grande importância
de avançarmos na organização da frente de jovens trabalhadores. Em um momento
histórico de amoldamento de instrumentos historicamente vinculados aos
trabalhadores e desorganização da classe, os eixos de formação e fortalecimento
ideológico dos jovens trabalhadores são fundamentais para a articulação com o
cotidiano de precarização, superexploração e desemprego com a necessidade de
luta contra o capitalismo. São necessárias campanhas temáticas pela
sindicalização dos jovens trabalhadores, contra a flexibilização dos direitos
trabalhistas e a precarização do estágio. Outro fator importante é a integração
desta frente e de suas demandas específicas com a Unidade Classista e a
política sindical do PCB.
No movimento estudantil, seguiremos com a tarefa
de reconstrução do movimento estudantil brasileiro pela base. Isto não se dará
pela mera disputa pelos aparelhos e cargos nas organizações estudantis, tais
como UNE e UBES. Participaremos dos espaços e fóruns dessas entidades enquanto
espaços de denúncia do seu atual alinhamento da entidade ao consenso burguês na
sociedade brasileira, divulgando a necessidade de luta por uma Universidade
Popular, alinhada a outro projeto de sociedade pautado pelos trabalhadores.
O falso dilema, colocado pelas tendências
dominantes, que polariza o movimento estudantil, entre as entidades nacionais
hoje existentes, nomeadamente UNE e ANEL, imobiliza grande parte do movimento
em torno de disputas burocratizadas, fazendo com que as ações do movimento
sejam levadas, por essas entidades, com o único objetivo de acumular forças
para a disputa dos aparelhos e não para a construção de um projeto de educação
e sociedade. É necessária a incisiva atuação dos comunistas nas entidades de
base, nas escolas e universidades, executivas e federações de curso, para que o
movimento estudantil retome sua ação protagonista na luta por uma educação
pública emancipadora e popular, capaz de produzir conhecimento a serviço da
classe trabalhadora e contribuir para consolidação da contra hegemonia
proletária.
A UJC priorizará a construção do movimento
nacional de luta por uma Universidade e Educação Popular, fortalecendo a
articulação entre estudantes, professores, trabalhadores da educação e
movimentos da classe trabalhadora. Ressaltamos que a luta por uma universidade
pública, gratuita e democrática é condição necessária, ainda que insuficiente,
para a produção e socialização de conhecimento contra e para além da ordem do
capital. Impreterivelmente, a luta por uma Universidade Popular, nos atuais
marcos históricos, é uma luta anticapitalista, um projeto em disputa, vinculado
às demandas concretas dos trabalhadores se contrapondo ao projeto em curso de
educação da burguesia e seus aliados.
Esta disputa se faz no cotidiano das lutas em
defesa da educação pública, nas greves dos três segmentos da universidade, nas
ocupações de reitorias, na luta contra as demissões de professores e pela
reestatização das instituições privadas, nas intervenções dos movimentos
culturais contra hegemônicos e, principalmente, na UNIDADE ORGÂNICA com
as demandas e movimentos da classe trabalhadora.
Em resumo, concebemos este movimento como algo
necessariamente além dos muros da universidade e do próprio movimento
estudantil. Devemos fortalecer todos os instrumentos, forjados nas lutas, em
defesa da Universidade Popular como o Grupo de Trabalho Nacional de
Universidade Popular, desdobramento prático do grande sucesso qualitativo e
quantitativo que foi o I Seminário Nacional de Universidade Popular.
Na Frente Cultural, devemos estreitar laços com
artistas e grupos culturais nas periferias, em bairros populares e onde ela
apresente um caráter anticapitalista. A arte, produzida e identificada com o
ser humano, é também aquela que denuncia a desumanidade do capital e da ordem
burguesa. A luta contra a mercantilização da arte e do conhecimento, resultante
da constante industrialização cultural capitalista, é um eixo norteador da UJC
nesta frente.
Devemos constituir, nos locais onde atuamos,
Centros de Cultura que articulem todos os que desejam a real democratização da
produção e acesso à cultura. Procuraremos também estreitar laços com movimentos
populares e qualquer forma de resistência dos trabalhadores em seus bairros e
locais de trabalho, reafirmando o caráter organizativo e de luta em torno da
cultura, de sua produção e reprodução social.
Nas condições de acirramento da luta de classes
no Brasil, compreendemos que as lutas específicas são transversais e se chocam
com a lógica do capital. A luta das mulheres, dos negros, das comunidades
quilombolas, índios, GLBT, imigrantes e migrantes se chocam com a violência do
mercado, seja nas desigualdades de rendimentos, no preconceito e discriminação
ou no acesso a serviços elementares, porque o capital precisa transformar todas
as necessidades materiais e simbólicas em mercadoria para manter a acumulação,
ameaçando a vida e destruindo o meio ambiente.
É com estas diretrizes que devemos associar os
movimentos específicos com as lutas gerais que iremos travar. No entanto,
compreendemos a necessidade da juventude comunista avançar nos debates
específicos e na sua política para estes movimentos. Por isso, faremos um
conjunto de seminários com estes e outros temas, como a questão das drogas na
sociedade brasileira.
É com ousadia, firmeza, estudo e organização que
somos a juventude na contramão ao capital e suas representações. Na contramão
dos que apregoam o conformismo, conclamamos a rebeldia. Rebeldia porque o mundo
está velho demais para nossos sonhos, mesquinho demais para abrigar nossa
alegria, triste demais para receber nossa paixão. Acomodado demais para poder
sonhar em conter nossa rebelião!
Na contramão daqueles que deixaram de sonhar com
a construção de um mundo novo e de um novo ser humano, nós, da União da
Juventude Comunista- UJC, aglutinamos jovens que entendam e que se coloquem na
contramão do capital, da exploração, da alienação; jovens prontos para lutar,
não pelo trabalhador, mas com ele, construindo o mundo dos trabalhadores.
São com estes princípios de prática que
organizamos jovens que apoiam e que possam, conosco, lutar pela construção do
socialismo na perspectiva do comunismo, afirmando que o velho não venceu. A
UJC, ao completar os seus 85 anos e realizar o seu VI Congresso Nacional,
comemora, nas lutas da juventude brasileira, as diversas batalhas pelo
socialismo. E, com consciência de suas responsabilidades históricas, os jovens
comunistas erguem bem alto a bandeira do comunismo! Porque os nossos sonhos
jamais envelhecem!
VIVA O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO!
VIVA A UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA!
VIVA O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO!
VIVA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA!
FOMOS, SOMOS E SEREMOS COMUNISTAS!
1° DE AGOSTO DE 2012 - UNIÃO DA JUVENTUDE
COMUNISTA
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